Dra. Alessandra Grassi Salles

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São Paulo, SP, Brazil
Cirurgiã Plástica Titular da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, Mestre e Doutora pela Faculdade de Medicina da USP, Coordenadora do Grupo de Cosmiatria e Laser da Cirurgia Plástica do Hospital das Clínicas da FMUSP.

terça-feira, 9 de dezembro de 2014

INJETEI PMMA OU HIDROGEL, E AGORA? CALMA, NADA DE PÂNICO

 
           O preenchimento com injeção de substâncias inabsorvíveis por motivos estéticos, apesar de autorizado pela ANVISA, não tem sido recomendado pela maioria dos especialistas e sociedades médicas. Isso se deve ao fato de várias complicações terem sido observadas, não apenas logo após a injeção, mas às vezes anos mais tarde.
Antes da ampla divulgação das possíveis consequências tardias, muitas pessoas foram tratadas com essas substâncias de preenchimento nos últimos anos, algumas até por profissionais não médicos, várias por médicos qualificados, que acreditavam estar oferecendo o melhor ao seu paciente. Como agir nestes casos?
Primeiramente, nada de pânico. Não adianta correr aos consultórios dos cirurgiões, pois quando a substância está apropriadamente integrada, as partículas microscópicas não são identificáveis, e a retirada completa além de ser quase impossível, pode deixar cicatrizes e sequelas. A maioria das pessoas não vai ter nenhum tipo de complicação ao longo de sua vida. Mas como, então, prevenir a ocorrência das complicações tardias?
Essa inflamação tardia deve-se à ativação do que chamamos de biofilme: todo implante no corpo humano tem bactérias aderidas à sua superfície, que costumam secretar ao seu redor uma película de isolamento. Dentro desta película, elas vivem em equilíbrio, protegidas das células do sistema imunológico mas também da ação de antibióticos. Caso haja algum estímulo inflamatório na região, elas podem se ativar e gerar quadros inflamatórios crônicos de repetição.
O tratamento é difícil e prolongado, então o melhor a fazer é prevenir a ativação do biofilme. Assim como quem tem válvulas cardíacas usa antibióticos profiláticos ao fazer tratamentos dentários, ou quem tem prótese de silicone faz exames periódicos para avaliar se há necessidade de troca do implante, também quem tem produtos definitivos injetados tem que tomar alguns cuidados. Nossas recomendações, de acordo com o que a Medicina sabe até o momento, são as seguintes:
1. Sempre avise seu médico atual se você tem algum preenchimento definitivo, mesmo que você não saiba o nome ou que tenha sido injetado há muitos anos.
2. Se puder, evite outros tratamentos na mesma região.
3. Se for ser submetida a outros procedimentos injetáveis, laser, cirurgias ou tratamentos dentários próximos à região onde foi feito o preenchimento, solicite que seu médico lhe prescreva antibióticos profiláticos, iniciando ANTES da realização do procedimento.


Quadro 1: Preenchimentos absorvíveis e inabsorvíveis mais comuns utilizados no Brasil


       




Quadro 2: Complicações observadas após preenchimentos inabsorvíveis



Por Alessandra Grassi Salles


ATENÇÃO: As explicações disponibilizadas têm finalidade exclusivamente informativa e objetivam oferecer ao público uma visão geral e prática a respeito do assunto. Conforme a SBCP recomenda, consulte um profissional especialista para consideração das peculiaridades de cada caso.

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